Música, poesia e ciência em Vale de Água, no Dia de Portugal

 

Um final de tarde em que se celebra o amor à música, uma sessão em que se mostra a vitalidade da poesia popular e uma abordagem ao elemento água que conjuga tradição e ciência, são as propostas do projecto “Onde a Vida Acontece”, uma iniciativa do Festival Terras sem Sombra, em parceria com o Município de Santiago do Cacém, para o dia 10 de Junho, em Vale de Água.

No dia em que também se comemora Camões, a poesia popular vai estar em destaque em Vale de Água, uma típica aldeia do Alentejo litoral. O convite é para conhecer a poetisa Gabriela Lopes da Costa – irmã do também poeta popular Modesto Martins Lopes, já falecido – que abre as portas de sua casa para conversar sobre a sua poesia e as motivações para a escrita. Nascida em 1943, em S. Domingos, exerceu diversas profissões, nomeadamente a de auxiliar de acção educativa na escola de Vale de Água, sendo uma figura reconhecida nesta comunidade. A vida é o material que lhe serve de inspiração; as experiências e situações que vivenciou, e as reflexões que daí advêm, são a sua principal temática. A sessão, intitulada “A Força das Coisas: Gabriela Lopes da Costa, Poetisa Popular”, terá lugar às 15h, no quintal do domicílio da poetisa.

Pelas 16h, a criação poética dá lugar à fonte da vida: a água. Lendas, tradições e ciência conjugam-se num olhar multidimensional sobre um recurso precioso e que urge preservar. Nesta acção, partindo da lenda que explica a origem do topónimo (e que se prende com a existência de uma espécie de grande e primitivo lago, sensivelmente onde hoje está a aldeia), vai conhecer-se o ciclo da água nesta localidade. Começa-se com a visita aos dois poços tradicionais, um deles conhecido como o “poço do povo”, segue-se a visita, guiada por peritos, ao depósito da água e, depois, à ETAR. Numa região rural em que a seca é uma ameaça, importa reflectir sobre água como elemento essencial à vida, sensibilizar para a sua preservação e utilização correcta, ao mesmo tempo que se elucida sobre as suas características físicas e químicas. A sustentabilidade dos recursos hídricos é palavra-chave.

A findar o Dia de Portugal, pelas 18h30, o Largo, que em Vale de Água ainda é o centro do mundo, na expressão de Manuel da Fonseca, recebe um espectáculo pela Banda da Sociedade Recreativa Filarmónica União Artística, de Santiago do Cacém. A mais que centenária SRFUA vai apresentar repertório nacional e internacional actual, para este género de agrupamento. Sob a orientação da maestrina Ana Rita Candeias, pretende-se dar a conhecer a constituição e o funcionamento de uma banda filarmónica, a evolução histórica destes agrupamentos em Portugal e na Europa, os seus instrumentos e repertórios característicos, a tipologia dos actos públicos em que participam e, ainda, a sua dimensão pedagógica. Trata-se de celebrar a magia única da arte para quebrar distâncias e unir as pessoas, magia que assume, aqui, uma expressão cosmopolita, reflectida na própria escolha do repertório, ou não designasse a palavra “filarmonia”, literalmente, o amor à música.


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