Restaurante Harmonia – Queridos Encontrei O Melhor Cozido
Da infância guardo muitos sabores. Tive a sorte de ter uma
mãe que era uma excelente cozinheira e ao domingo, ao almoço, em Lisboa ou nas
Caldas da Rainha, tínhamos muitas vezes os pratos típicos portugueses, e entre
eles o cozido.
O cozido lá de casa tinha arroz, feito no caldo, batata,
cenoura, nabo e couves e ainda feijão, e claro as carnes, de vaca e de porco, e
orelha de porco, toucinho, chispe e claro os enchidos. Não tinha mais do que
isto e era mesmo muito bom. Lembro-me de que tudo estava preparado no ponto, os
legumes, saborosos nunca vinham cozidos demais enquanto as carnes se desfaziam de
tenras, com o movimento do garfo.
O cozido da minha mãe demorava horas a preparar e desde ela
deixou de o fazer que nunca mais comi um cozido assim, rico em sabores, com
cada componente cozinhado no ponto certo, simples contudo suculento e
apetitoso.
Na Quinta feira passada entrei no Restaurante Harmonia para
comer cozido achando que em Lisboa seria difícil encontrar os sabores da minha infância
e acabei a rendida à qualidade do que encontrei. Não falhou nada, nem sequer
falhou a qualidade do chouriço, pouco gordo, cheio de pedaços de carne, à
antiga, exatamente como é cada vez mais difícil de encontrar.
O Restaurante Harmonia, em Lisboa, muito perto da Alameda, é
uma caixinha de surpresas e respira portugalidade. A decoração, de madeira, é
inspirada nos socalcos do Douro. Distribuído por dois pisos, encontramos no
piso de cima o espaço do restaurante e do bar e no piso inferior uma sala para
eventos ou reuniões.
O cuidado na decoração de todo o espaço desperta a nossa curiosidade
para a comida que é servida e que corresponde ao esperado. Descobrimos o
cuidado na escolha do vinho, que é português, o apoio a pequenos produtores
nacionais que entregam por exemplo o pão fresco e o chouriço, entre outros
produtos.
Aqui não se para. O Restaurante abre às 12h00 e a cozinha
encerra às 23h00 e durante a tarde são servidos petiscos portugueses, a não
perder, também a happy hour. E por pensar em happy hour, os cocktails do
Harmonia são qualquer coisa de surpreendente. Não consegui escolher o melhor,
entre o cocktail com que comecei a petiscar e que leva vinho do porto, brandy e
lima, ou o que se seguiu e que leva vodka, sumo de limão, café e chocolate.
As sobremesas são também portuguesas e caseiras, e eu destaco
a aletria. Este é um doce que me leva de volta à minha infância. Uma boa
aletria é para mim quando fica com textura cremosa q.b, de cor rica, suficientemente
doce, com os sabores a misturarem-se com o aroma da quente canela. Foi exatamente
tudo isto que encontrei no Harmonia.
Belo nome para um restaurante porque é um nome típico, tradicional,
mas também porque me faz lembrar música, e se pensarmos bem, um restaurante é
como uma composição musical em que, se não estiver tudo bem articulado, o
resultado final não será o esperado. O maestro de tudo isto é o Chef Marco Costa.
Nascido e criado no já desaparecido Harmonia da Beira, cresceu entre tachos e
dormiu muitas sonos em cima das arcas frigorificas do restaurante de seus pais.
Mais tarde havia de tirar o curso de cozinha, de abrir o Zé do Cozido, onde também
servia às mesas e mais recentemente de abrir o Harmonia, no Bairro dos Atores,
apostando em ingredientes de qualidade e em pratos de assinatura que
representam a gastronomia portuguesa. O restaurante abre 7 dias por semana, encerra
apenas ao domingo ao jantar e pode ainda desfrutar de uma noite de fado por mês.
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