O Marvão é Para Descobrir Devagarinho



















































Para quem gosta de viajar e de descobrir Portugal, há que partir à descoberta do Alentejo em pleno inverno. Nem parece a mesma terra de calor abrasador e onde a gentes se arrastam para fugir ao sol que promete tudo transformar com os seus fortes raios dourados durante os quentes meses de Verão.
Quem descobre o Alentejo no inverno aproxima-se mais da essência das suas gentes. Aqui o tempo volta a sobrar, um luxo na época em que vivemos. Descobrimos terras cuidadosamente cuidadas, de casarios brancos a reluzir mesmo que só se descubra o brilho forte da lua, estradas de calçada onde o único barulho que se ouve são os do nosso calçado enquanto caminhamos e olhando para cima, para o céu onde se descobrem milhares de milhões de pequenas estrelas reluzentes e luxuriantes, uma abóboda de pequenos pontos de luz, tão perfeita que quase nos convencemos que aquele espetáculo natural foi montado de propósito em nossa homenagem.
O Alentejo é para descobrir devagarinho, primeiro apreciamos a paisagem, que no inverno tem em si mil tons de verde, intercalado por toques em tons terra, salpicado aqui e ali por ribeiras plenas de vida. Pelos campos, os animais pastam calmamente, como se aqui não houvesse tempo para ninguém se preocupar, o que faz que só por isso já seja um lugar extraordinário.
Também as gentes do Alentejo são especiais, duras devido à pele queimada pelo sol, de mãos calejadas devido ao trabalho na terra e com um olhar profundo que só tem quem muito viveu mas o momento em que entramos em suas casas, nas suas lojas, nos seus restaurantes ou espaços comerciais, o sorriso abre-se e percebe-se que  vem de dentro, da alma, abrem-nos as portas para os seus maiores segredos, o conforto de uma casa alentejana e o prazer de comer à sua mesa.
Não existe comida como a que encontramos no Alentejo, rica, cheia e farta, nasceu da necessidade de quem trabalhava nos campos e não tinha muito para se governar e enriqueceu-se com a imaginação, os condimentos e os sabores genuínos desta região. Tal como tudo o resto é para descobrir devagarinho, enquanto se beberica um encorpado vinho alentejano, com a lareira em pano de fundo e se aprecia o calor que mesmo nas noites invernosas do Alentejo, nos enche a alma

As 7 Quintas do Marvão
O Marvão é perfeito na sua construção, com as ruas que se aninham formando uma paisagem que pensamos que só existe na nossa imaginação mas para além desta visão, em plena aldeia e no meio da serra, descobrem-se as 7 Quintas. Foi por acaso que tomei conhecimento deste projeto, ainda muito recente e que nasceu de uma herança familiar e de muita força de vontade de dois irmão que amam genuinamente a sua terra.
Aqui a natureza permanece intacta e as casas articulam-se na perfeição para receber famílias e grupos de amigos. O objetivo de requalificar património nas encostas do Marvão é de valorizar.  Assim, onde antes havia um lagar nasceu um restaurante, lugar onde se descobre ainda uma pequena loja com artigos regionais, uma galeria de arte e salas multiusos que podem ser usadas para reuniões de empresas ou para eventos mais alargados.
As casas que compõem o alojamento foram em tempos habitadas por agricultores e familiares e agora recuperadas e requalificadas, respeitando as linhas singelas mas com um toque de modernidade e muito conforto.
Ficando atento aos detalhes descobrem-se objetos que nos contam histórias, uma delas é o que sobra do lagar, que deve o seu nome à fonte da Celorica, localizada a poucos metros do edifício principal. O lagar foi em tempos propriedade de senhores com terrenos e destinava-se a moer a azeitona para obter o mais puro azeite. De acordo com indicação do site, haverá testemunhos que dizem que o lagar funcionou entre os anos de 1940 a 1980, e que tinha muita procura porque era bastante avançado para a época. Desse lagar sobraram uma das  mós, com 3 pedras cónicas onde se moíam as azeitonas e que se encontra agora perto da entrada do edifício.
Mas existem mais histórias para descobrir, as 7 Quintas reúnem dentro de toda a propriedade 7 fontes que de acordo com o que reza a história, quem se refrescar nelas todas ganha 7 anos de sucesso e de proteção divina, se é mesmo assim ou não, não sabemos mas acreditamos que se possa dever ao facto de, apesar desta região do Alentejo não ser das mais áridas, este é sem duvida um lugar onde sempre se valorizou este precioso liquido, sendo a água tratada como um bem muito valioso.
Outra história que os mais antigos contam por ali é que antigamente, nas noites de Verão e de lua cheia, as moiras encantadas desciam dos seus castelos para se refrescarem nos tanques, os homens, nas esperança de se encontrarem com as moiras, arranjavam desculpas para sair de casa. Se as encontraram ou não nunca vamos saber mas o que é garantido é que ainda hoje, nessas quentes noites de Verão, os rouxinóis encantam com canto límpido e puro.

10 Razões Para Descobrir o Marvão
O que não falta são motivos para se perder por terras do Marvão mas vamos reforçar com mais sugestões:
Ruinas Romanas de Ammaia
Deverá ter sido abandonada por causa de um cataclismo que soterrou a parte baixa da cidade, atualmente os trabalhos de escavação realizados trouxeram à luz do dia, numa vasta zona, um templo, o fórum da cidade, uma praça, elementos de balneários públicos, habitações e parte de um teatro.
Piscina e Praia Fluvial do Sever
Excelente para desfrutar quando os dias começam a aquecer, um refrescante lugar com um complexo de piscinas e equipamentos fluviais de lazer
Torre e Ponte de Portagem  
A ponte medieval e a torre de pedra que controlava o seu acesso, estão ainda hoje perfeitamente conservadas, sendo que a calçada original que atravessa o rio ainda está visível.
Albufeira da Apartadura
Em S. Salvador da Aramenha encontra-se a Barragem da Apartadura, que foi construída nos anos 90 e que é hoje em dia uma reserva fluvial onde se pode praticar vela, canoagem e windsurf.
Castelo de Marvão
A vista do castelo é de tirar o folego. Localizado no topo norte da vila, tem duas zonas diferentes, unidas por uma malha de muralhas e torres, que permitem perceber como esta região teve um papel preponderante na história de Portugal e que se perde na bruma dos tempos
Museu Municipal
 O museu encontra-se na antiga igreja de Santa Maria, que esteve fechada ao público durante muito tempo. A coleção está dividida entre arte sacra, arqueologia e etnografia.
Porta de Rodão
Fica mesmo na entrada da vila, no lado norte da encosta, é um excelente ponto de partida para explorar a pé toda a vila, fazendo a ligação entre a Praça exterior e o interior da cerca, de ruas estreitas e cuidadosamente cuidadas.
Convento e Igreja de Nossa Senhora da Estrela
Encontra-se na entrada da vila e conserva a estrutura gótica original, conservando um tesouro que inclui imagens quinhentistas em prata e pedra pintada. No adro descobre-se um belo miradouro.
Antiga Rua do Espirito Santo
Mesmo junto à igreja, a casa do Governador é um edifício que se destaca pelos seus gradeamentos em ferro forjado.
Câmara Velha: Centro cultural de Marvão
A casa da Câmara Velha é o maior edifício civil da vila e reúne várias coleções relacionadas com os seus usos originais. Nos pisos inferiores, em tempos prisões, descobrem-se hoje exposições e uma loja de artesanato. Nas salas superiores encontra-se mobiliário barroco entre outras exposições.

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