Uma visita à selva amazónica ou Quando Rosinha Minha Canoa se transforma em realidade
Se Rosinha Minha Canoa tiver sido uma leitura recente ou se
for um daqueles livros cujos heróis ficam a viver para sempre na nossa memória,
quando chegamos a Manaus começamos a lembrar da triste história de Zé Ocoró.
Tudo isto porque Manaus foi em tempos a capital mundial da
distribuição de borracha. Atualmente quem vem até cá encontra uma cidade plena
de vida, fortemente ligada ao Rio Negro e à selva amazónica, contando com mais
de 2 milhões de habitantes.
É sexta cidade mais rica do Brasil e o principal centro
financeiro e empresarial da Região Norte, sendo um reconhecido polo industrial
para a economia brasileira e possuindo por exemplo a segunda maior fábrica de
duas rodas da Honda do mundo. Talvez por isso Manaus tenha sido a segunda
cidade do Brasil a ter energia e a primeira cidade a ter faculdade pública.
Mas o Zé e os seus companheiros só despertam no nosso imaginário
quando nos aproximamos da selva. Os turistas podem nadar com os botos (golfinhos
cor de rosa que vivem no Rio Negro), visitar tribos índias, passear na selva,
dormir em hotéis de selva, pescar piranha e comer o seu caldo, fazer focagem noturna
de jacarés, sentir a emoção de navegar no Encontro das Águas, assistir ao por
do sol da sua vida ou navegar à noite numa canoa, no meio do rio, assistindo ao
espetáculo único de um céu estrelado onde a poluição ainda não se faz notar.
E é durante estes
momentos que nos sentimos parte da natureza e que valorizamos outras formas de
viver no nosso planeta, que podem ser aparentemente menos confortáveis mas recompensam
a viagem. E embora a civilização já tenha chegado às tribos índias existe uma
forte vontade de preservar tradições e de mostrar aos visitantes como vivem os
índios na amazónia.
Trata-se de uma experiencia única e a viagem como sempre por
aqui faz-se de barco. Nas margens do Rio Negro vivem varias tribos que com o
apoio local se dedicam a divulgar a sua cultura através de espetáculos de dança
e folclore realizados no local onde habitam. Dos mais pequenos aos mais idosos
todos participam na receção ao turista, explicando os seus rituais e tradições
bem como as suas músicas e filosofia de vida. Se for convidado para dançar, não
hesite, aproveite e viva a experiencia, dê a mão e deixe-se conduzir. Sinta a
força desta cultura que foi desprezada no passado e que procura agora
afirmar-se.
Por aqui as fotos são permitidas e são recordações preciosas
desta experiencia. No final a compra de uma peça de artesanato impõe-se como
uma forma de ajudar a manter estas tribos bem como de trazer uma peça realmente
genuína a um preço bem razoável.
Mas as experiencias na selva não acabam por aqui. Também é inesquecível
tomar banho com os botos, que são golfinhos de água doce que vivem no Rio Negro
e que podem atingir 2,5 m de comprimento. Apesar do seu tamanho são animais
extremamente doceis que vêm comer à mão do técnico que os alimenta aceitando de
bom grado a companhia dos visitantes. Não é perigoso aventurar-se nas águas
escuras do rio e nadar junto destes simpáticos animais que se divertem a comer
peixe e dar saltos para a água.
Se tomar banho nestas águas é uma forte emoção os passeios
na selva são inesquecíveis. É possível escolher a opção que mais convém ao
turista e deslumbra-se com o que vai encontrar: passear na selva durante umas
horas, aprender regras básicas de segurança como fazer o fogo, identificar
plantas e árvores essências à sobrevivência ou as que são venenosas, conhecer
espécies medicinais ou para os mais aventureiros pernoitar na selva com guias especialistas
que asseguram a segurança da viagem.
Mas a selva ainda tem mais para oferecer, e pescar piranha é
fácil e divertido. Basta ter uma cana, um pouco de fio de pesca, um anzol e
isco. O rio é muito rico e fornece peixe em quantidade para comer um
inesquecível caldo de piranha no final da pescaria.
Para a pesca desportiva os roteiros desta região estão entre
os melhores do mundo com barcos e hotéis preparados para este desporto. A época
ideal para a pesca desportiva é de Agosto a Dezembro.
Elaborado a pensar no turista que visita a região é a focagem
do jacaré. Prepare-se com uma dose extra de repelente e não se esqueça da máquina
fotográfica pois vai viver outra experiencia única na vida. De noite, numa
pequena jangada no meio do rio é possível ver brilhar nas margens os pequenos
olhos dos jacarés. Rapidamente alguém se mete numa canoa ainda mais pequena e
volta com um pequeno exemplar que apesar de ser junior impõe respeito. Vale a
pena prestar atenção às explicações do guia sobre as suas particularidades mas
a experiencia é mais do que isto, de noite os barulhos da selva mudam e o céu
brilha cheio de estrelas de uma forma que é difícil encontrar noutra parte do
mundo. Sente-se que a selva está viva nas margens do rio e o respeito pela
natureza torna-se ainda mais forte.
Ninguém sai da selva sem conhecer o local onde os dois rios
gigantes se encontram. O Encontro das Aguas é um fenómeno que o é resultado da
união das águas escuras do Rio Negro com as águas barrentas do Rio Solimões.
Durante mais de 10 kms os rios correm juntos sem nunca se juntarem devido a
terem velocidades diferentes, mas também devido a diferenças de densidade, ph e
temperatura.
Nesta altura o livro de Jose Mauro de Vasconcelos já não é
uma história, ganhou vida, e damos por nós a olhar para as margens na esperança
de ver a Rosinha por ali.
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