2 – Online
Até aqui, atrevo-me a escrever, em
Portugal, havia duas fações, que muitas vezes se estremavam. Se por um lado
muitas empresas viam já na web a sua grande janela de oportunidade, percebendo
que podiam chegar mais longe, conseguindo mais visibilidade, e consequentemente
mais vendas, por outro lado tínhamos outras empresas, com estruturas
diferentes, que olhavam para a presença na web como uma ameaça ao seu negócio,
numa visão mais conservadora, talvez confortável e até protecionista.
Ameaça ou oportunidade? A chegada
da pandemia veio mostrar que as compras online passavam a ser uma realidade
para muitos consumidores. Porque também aqui havia alguma resistência à compra,
que poderia passar pela falta de confiança ou desconhecimento da empresa que
vendia o produto, pelo desconforto ao fazer pagamentos online ou ainda porque
não era possível ver o produto ou eventualmente por não estar em casa na altura
da entrega. O preço era um fator que ajudava a desempatar mas a maior parte dos
consumidores, onde eu confesso que me incluo, preferia pesquisar bastante
online e depois efetuar uma compra física, sendo que para mim e mais
recentemente, havia já uma tendência de mudança, escolhendo empresas que
funcionam com as duas vertentes, mas preferindo sempre fazer o pagamento
presencial e contra a entrega do bem adquirido.
Nos últimos tempos fui obrigada a
mudar, não me podendo deslocar a nenhuma loja para adquirir alguns bens que me
são necessários, percebi que as compras online são uma realidade, que funciona
e à qual vamos ter de nos adaptar.
Embora ainda seja prematuro por não
haver informação disponível sobre este tema, não havendo alternativa para o
consumo, será fácil de acreditar que as vendas online só podem estar a crescer
em Portugal. E se no início as compras
poderão ter sido direcionadas para bens essenciais, com a utilização, as
compras poderão ser direcionadas para bens que não sendo essenciais, podem
ajudar bastante a ultrapassar esta difícil quarentena que nos obriga a ficar em
casa, famílias inteiras, fechadas dias e dias a fio, entre quatro paredes. E se
aplicarmos aqui a Teoria das Necessidades, olhando para a Pirâmide de Maslow, e
pensarmos que na base da pirâmide está o que é essencial à nossa sobrevivência
como abrigo, sono e comida, depois a segurança, seguido de necessidades
sociais, de estima e no topo necessidade de autorrealização, atrevo-me a pensar
que se a necessidade de sobrevivência nos empurrou para casa, à medida que
vamos ficando mais familiarizados e nos vamos habituando, vamos desenvolvendo
formas de nos adaptarmos a esta realidade. Por isso, à medida que nos vamos
habituando às compras online, vamos procurando outro tipo de produtos, de forma
a preencher todas as nossas necessidades.
Do lado das empresas e mais uma
vez, assiste-se a uma rápida e saudável adaptação à mudança. O que precisei de
encomendar foi-me entregue rapidamente, por um funcionário devidamente
protegido. A confiança e a garantia de normalidade de funcionamento do sistema
farão com que eu continue a utilizar e até recomende e está assim aberta a
porta para a confiança. No limite, algumas empresas, como por exemplo a de
entregas de bens alimentares poderão experimentar algumas dificuldades na
rapidez de entrega, mas será temporário, até as suas estruturas se adaptarem à
repentina procura. Assim, ao melhorar a qualidade de vida dos clientes numa
altura de grande necessidade, poderá determinar a mudança de atitude das
pessoas no futuro, levando à valorização do e-commerce.
Por outro lado, esta transição não
será só nossa, mas do mundo para o digital, levará sem dúvida a um mais rápido
desenvolvimento tecnológico bem como a uma profunda mudança de mentalidade. Da
parte das empresas, nem que seja pelo receio do desconhecido, não é benéfico
continuar a lutar contra esta realidade uma vez que é cada vez mais garantido
que no futuro todos os negócios terão de alguma forma presença no digital.
Nestes dias fomos aos poucos
percebendo que é este o caminho, basta vermos exemplos de aulas online,
transversal a todos os níveis de ensino, entregas de trabalhos por WhatsApp,
entre tantas outras ferramentas digitais, que de repente e de uma forma
impressionante, passaram a fazer parte dos hábitos de todos os nossos
estudantes, também eles fechados em casa, a aguardar o desfecho deste período
único da historia universal.
Mas se temos tendência para
considerar que os jovens são jovens e que se adaptam facilmente, apresento-vos
o exemplo de vários vendedores dos mercados, que percebendo que as suas
receitas diminuíam drasticamente sendo que os produtos não podiam ser
armazenados por muito tempo, aderiram também eles a ferramentas de vendas e de
comunicação digitais, ganhando também eles visibilidade, reconhecimento e
podendo dar assim continuidade aos seus negócios.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarExcelente ponto de vista, no qual concordo plenamente. Reinventar será (é) uma prioridade.
ResponderEliminarE agora, que temos tempo livre, devemos aproveitar para ajustar a nossa estratégia. Esse é o meu ponto de vista
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