Em Salvador procurando o que é que a baiana tem
Salvador, fundada como São Salvador da Bahia de Todos os
Santos, é conhecida pela sua gastronomia, música e arquitetura. A forte influência
africana na sua cultura transformou a cidade num centro importante de cultura
afro-brasileira, por outro lado, o Centro Histórico de Salvador, cujo símbolo máximo
está representado pelo bairro do Pelourinho, distingue-se pela arquitetura
colonial portuguesa com monumentos históricos que datam desde o século XVII até
o início do século XX, tendo sido declarado como Patrimônio Mundial pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura em 1985.
Salvador foi a primeira sede da administração colonial
portuguesa do Brasil sendo uma das cidades mais antigas da América. A conquista
portuguesa desta região começou em 1501, quando a Baía de Todos os Santos
recebeu seu nome. Por volta de 1510 existia um povoado com índios e europeus
que dava assistência aos navios que passavam na zona e em 1536 foi fundada uma
vila na Barra.
A cidade foi fundada em 1549 pelo primeiro governador do
Brasil, Thomé de Sousa, tendo sido construída para ser a capital da América
Lusitana, dando assim início à colonização do Brasil. Nos séculos XVII e XVIII foi
considerada uma das mais importantes cidades da América, com grande atividade
portuária com Portugal e suas colônias na África e na Ásia. Até o início do
século XIX era a maior cidade do Brasil e a segunda maior do império português,
logo a seguir a Lisboa. Em 1808, Salvador tornou-se a primeira sede da Coroa
Portuguesa, no Brasil.
Hoje em dia Salvador é uma das mais belas cidades do Brasil
onde é possível encontrar belas praias e o maior carnaval do mundo mas Salvador
da Bahia é também conhecida pela sua música, a capoeira, o candomblé, os locais
históricos a fazer lembrar Portugal e a colonização, a múltiplas religiões e
raças, a gastronomia tradicional e os locais históricos, que remetem ao início
da colonização brasileira.
Quem vai a Salvador não pode deixar de visitar o Centro Histórico,
o Elevador Lacerda, o Farol da Barra, o Mercado Modelo, o Pelourinho e Igreja
do Senhor do Bonfim. Os seus 50 quilômetros de praias parecem feitos de propósito
para nos fazer regressar várias vezes a esta cidade.
O Centro histórico foi reconhecido mundialmente como como
Patrimônio Cultural da Humanidade, conservando ainda muitas construções da época
colonial. Andando pelas ruas é fácil encontrar solares, palacetes, igrejas e
conventos, restaurados mas que conservam as suas características arquitetónicas
originais.
O Pelourinho é o bairro mais famoso bairro de Salvador sendo
conhecido pelas casas coloridas, igrejas e museus. Já foi um local habitado por
famílias ricas e destinado ao comércio e administração da cidade, atualmente é
um centro cultural, ou um verdadeiro caldo multirracial. Nos finais dos anos 90
do seculo passado decorreu a restauração de vários casarões o que deu à cidade
uma nova vida, transformando estes espaços em bares, hotéis, lojas e
restaurantes.
Outro ponto turístico muito atrativo é o Elevador Lacerda a
funcionar desde 1873. Construído com o objetivo de ligar as cidades Alta e
Baixa, proporciona uma das melhores vistas de Salvador.
O Farol da Barra foi construído por causa de um naufrágio no
seculo XVII, sendo destinado a orientar os marinheiros que se chegavam à costa.
Localizado num ponto estratégico de defesa do território é hoje um marco da cidade
estando aberto ao turismo.
O Mercado Modelo, contruído em 1912 é dos melhores locais
para fazer compras na cidade. Aqui pode-se encontrar peças típicas da cultura
baiana, como as famosas fitinhas do Senhor do Bonfim, patuás, figas, berimbaus
e outros instrumentos musicais, bordados e rendas, além temperos variados e sumos
de frutas que a maior parte dos portugueses nunca ouviu falar.
A Igreja do Senhor do
Bonfim teve origem em 1745, na semana da páscoa, quando chega à Bahia a imagem do
santo, inicialmente colocada na igreja de Nossa Senhora da Penha da França, no
bairro de Itapagipe. Em 1754 a Igreja foi concluída decorrendo a celebração ao
Senhor do Bonfim na primeira quinta-feira após o dia de Reis, altura em que o
santo percorre o trajeto desde a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia
até o Bonfim. As "fitinhas" do Senhor do Bonfim terão surgido por
volta de 1792 e eram de “medidas”. Eram feitas de tecidos nobres onde se
escreviam frases e imagens do santo e representando um "pedaço" do
santo que era entregue aos visitantes.
Salvador da Bahia é terra de poetas e músicos tendo sido imortalizada
pela letra de Dorival Caymmi, nascido em Salvador em 30 de Abril de 1914, e
cujos versos, cantados pela inesquecível Carmen Miranda, nos transportaram para
terras imaginarias, plenas de fartura, musica e alegria, representando assim
uma época de ouro na cultura brasileira.
Mas Dorival Caymmi não foi o único poeta a imortalizar este
local, quem visita Salvador da Bahia tem de dar um salto à praia de Itapuã, e
aí quando menos esperar, vai dar por si a trautear outra música inesquecível,
desta vez com letra de Toquinho e Vinícius de Moraes, Saudade de Itapuã.
Mas Salvador da Bahia deu mais génios da música ao mundo,
monstros sagrados de uma época em que o vinil era rei e que representam uma
ciclo inesquecível de música no Brasil. Do MPB à Bossa Nova, nomes como Caetano
Velloso, Simone, Gal Costa, Gilberto Gil, Maria Bethânia e mais recentemente
Ivete Sangalo, levaram a musicalidade presente em cada canto de Salvador a
todos os pontos do mundo, promovendo a música brasileira e a sua cultura
além-fronteiras.
Mais recentemente este local foi o escolhido pelo Michael
Jackson para gravar parte do vídeo “ They Don´t Care About Us”, estando ainda
presente um cartaz alusivo à sua imagem na varanda da loja que cedeu o espaço ao
cantor para a gravação do vídeo.
Salvador distingue-se também pelos escritores, foi aqui que
Jorge Amado e a sua companheira de uma vida, Zélia Gattai, viveram e escreveram
uma verdadeira e bela história de amor que durou até que a morte os separou.
Jorge Amado nasceu a 10 de agosto de 1912, filho do
fazendeiro de cacau João Amado de Faria e de Eulália Leal Amado. Publicou seu
primeiro romance, O país do carnaval, em 1931 tendo-se casado em 1933, com
Matilde Garcia Rosa, de quem se separou em 1944 mas com quem teve uma filha,
Lila, que morre em 1949.
A vasta obra literária de Jorge Amado conheceu inúmeras
adaptações para cinema, teatro e televisão. Os seus livros foram traduzidos
para 49 idiomas, tendo a sua obra merecido diversos reconhecimentos nacionais e
internacionais. Foi agraciado com os títulos de Comendador e de Grande Oficial,
nas ordens da Venezuela, França, Espanha, Portugal, Chile e Argentina; tendo
sido feito Doutor Honoris Causa em 10 universidades, no Brasil, na Itália, na
França, em Portugal e em Israel.
Jorge Amado morreu em Salvador, no dia 6 de agosto de 2001
mas deixa para sempre romances inesquecíveis como “Gabriela, Cravo e Canela” e
“Dona Flor e seus dois maridos” e ainda “Capitães da Areia” e “Tieta do
Agreste” entre muitos outros.
Mas em Salvador da Bahia Jorge Amado continua vivo. A
Fundação Casa de Jorge Amado ergue-se no Largo do Pelourinho, mesmo no coração
do centro histórico, tendo por objetivo a divulgação, pesquisa e preservação do
legado cultural deixado pelo escritor e pela sua mulher. A pouca distância da
Fundação, no boémio bairro do Rio Vermelho mais propriamente na rua Alagoinhas,
número 33, é possível visitar desde Novembro de 2014, a casa de Jorge Amado,
agora chamada "Casa Rio Vermelho Vida e Obra de Jorge Amado e Zélia
Gattai". Este espaço, de cerca de 1.000 metros quadrados, foi o local onde
residiram durante anos Jorge Amado e Zélia Gattai Amado, tendo sido ponto de
encontro de amigos, intelectuais e políticos e é onde estão depositadas as
cinzas dos dois, nos jardins da casa. Tendo ficado fechado durante 11 longos
anos, a casa de Jorge Amado e Zélia Gattai conta agora com 15 ambientes projetados,
criados para que seja possível observar varias lembranças do casal bem como
recordações da sua vida, expostas de forma dinâmica e interativa, ao longo dos vários
espaços.
O misticismo faz parte do ADN de Salvador, o Candomblé é uma
religião de origem africana, criada pelos escravos negros trazidos para o
Brasil tendo sido proibida pela Igreja Católica. Da necessidade de esconder as
suas crenças religiosas, surge o secretismo religioso que perdura até hoje. Salvador
da Bahia caracteriza-se por uma religiosidade muito forte, onde convivem uma
variedade de seitas, igrejas, templos, terreiros e crenças. Por aqui é comum ir
ao terreiro e à igreja, sendo um local onde todos convivem e acreditam nos
princípios católicos e do candomblé, em simultâneo, dando a ideia de que com o
passar do tempo, o catolicismo e o candomblé se combinaram tendo mais em comum
do que o que se possa pensar à primeira impressão. Atualmente estima-se que só na
cidade de Salvador possam existir 2.230 terreiros registrados na Federação
Baiana de Cultos Afro-brasileiros e mais de 300 igrejas.
Deste caldo de religiões surge mais uma figura marcante da história
de Salvador. A Irmã Dulce, cuja história da sua vida passou recentemente para o
cinema, e que viveu de 1914 a 1992, tendo dedicado toda a sua vida a assistir
os pobres e necessitados, sendo apelidada de "o anjo bom da Bahia".
Das suas múltiplas obras destaque para o galinheiro do
Convento Santo Antônio, local onde criou o atualmente famoso Hospital Santo
Antônio. Tendo sido indicada para indicada ao Prêmio Nobel da Paz no ano de
1988 não ganhou o título mas em 2011 foi beatificada pelo enviado especial do
Papa Bento XVI, sendo a beatificação o último passo antes da canonização. Em
2012, foi eleita uma dos 12 maiores brasileiros de todos os tempos.
Atualmente Salvador da Bahia ergue-se orgulhosa da sua história.
Não se pode deixar Salvador sem ficar sentado na praia, assistindo ao espetáculo
do por do sol, bebendo um chopinho, ou uma refrescante água de coco, enquanto
os últimos raios de sol tingem de dourado a sua pele.
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