Qual o tempero que dá encanto à ilha do Sal?


Muitos já visitaram a Ilha do Sal e pensam que conhecem todos os seus segredos, mas o que existe para explorar na ilha não se esgota numa única visita. Depois de conhecer um pouco a ilha e de começar a entender o significado da palavra morabeza, é preciso voltar e aproveitar bem o que a natureza coloca à disposição de todos. A simpatia, o bom clima e a boa comida vão fazer com que tenha de voltar.

A ilha do Sal está localizada em Cabo Verde, arquipélago formado por dez ilhas vulcânicas, localizada a menos de 600 quilómetros da costa africana. A aridez da paisagem quase lunar, pois quase nunca chove, contrasta com o espírito dos cabo verdianos, a par com a sua generosidade. A palavra crioula “morabeza”, que significa a arte de bem receber, ajuda a explicar os sorrisos, a gentileza e a hospitalidade deste povo que se têm vindo a distinguir sobretudo na música e na escrita sendo Cesária Évora provavelmente a grande embaixadora da música de Cabo Verde, das suas mornas e da sua cultura.

A ilha do Sal explorou a partir do séc. XVIII as salinas de Santa Maria, que se revelaram uma fonte de receita importante para a região. Abasteciam os navios com este precioso produto, que em simultâneo compravam à pequena comunidade local carne salgada (chacina), em troca de produtos manufaturados.

A salina de Pedra Lume apareceu ainda no fulgor da indústria de extração do sal, que se estendeu até ao século XX, complementada pela conserva do atum mas foi o aeroporto que veio a ditar uma mudança de ritmo na ilha, transformando o Sal num destino turístico que despertou interesse crescente em vários mercados, em especial na Europa. Hoje, dezenas de charters, a par com operações regulares da TAP e TACV, alimentam a ilha de turistas que procuram usufruir do clima ameno, das praias excecionais e da capacidade que tem a população cabo-verdiana para cativar os seus hóspedes, sendo que a ilha do Sal dispõe já de mais de 10.000 camas turísticas estando mais unidades hoteleiras em construção.

O Sal é uma ilha do grupo do Barlavento de Cabo Verde, estendendo-se por 30 km de comprimento e 12 km de largura, tem uma superfície total de 216 km² e uma extensão máxima de cerca de 30 km, com cerca de 35000 habitantes (censo junho 2010). Destacam-se como locais de visita obrigatória o Algodoeiro, a Baía da Murdeira, a Calheta Funda, Jorge Fonseca, Parda, Ponta Preta, Praia d’Água Doce, Puf, Salão Azul, Serra Negra e Fontona.

Das suas características físicas distingue-se: a proximidade ao continente africano, o que a torna sensível ao vento quente e seco do deserto, que transporta a areia do Saara e anualmente causa uma espécie de nevoeiro conhecido como bruma seca.

A planura extrema da ilha, apesar da sua origem vulcânica o faz com que seja uma ilha muito árida onde a vegetação é escassa nos meses frescos, mas no verão transforma-se numa paisagem bonita e verdejante.

 As extensas praias de areia branca. Tendo um clima ameno com pouca variação da temperatura, o verão pode ser um pouco quente, com temperaturas a variar de 24 de mínima a 30 graus de máxima; no inverno as temperaturas mínimas mais baixas oscilam entre 16 de mínima a 24 de máxima; pode ocorrer um pouco de precipitação nos meses de inverno mas esta é escassa nos meses de Dezembro e Janeiro.

 A gastronomia mantem a forte presença da tradição colonial portuguesa combinado com condimentos da cozinha crioula. Quem visita o Sal não pode regressar a casa sem provar a cachupa (à base de milho, feijão e carne) ou o peixe e marisco frescos, acabados de pescar. Tudo isto sempre regado com grogue, ou ponche produzidos de forma artesanal na ilha do Sal.











O mar do Sal
Se vem para a ilha do Sal a pensar que só precisa de levar o fato de banho, e vai passar uns dias de deitado na praia a apanhar banhos de sol e dar mergulhos nas tépidas águas que banham a ilha por não haver mais nada para explorar, então esqueça tudo o que já ouviu e pense numa ilha onde o mar, para além de fonte de rendimentos, é o lugar de eleição para umas férias realmente inesquecíveis.
Por aqui existem condições únicas para a prática de vários desportos náuticos, desde o surf, ao windsurf passando kitesurf, pesca e natação. O mergulho é uma opção a não perder na ilha. Existem escolas de mergulho onde é possível dar os primeiros passos ou simplesmente praticar caso já esteja habilitado. Este é um dos melhores locais que existe mais bonito para mergulhar pois possui um dos recifes mais coloridos do mundo e águas límpidas e quentes. Por aqui é possível sentir-se parte de um cenário de enorme beleza que a flora e fauna marinha e quase esquecer que precisa de regressar à superfície para voltar a ser humano.
Mas existem outras formas de conhecer o fundo do mar da ilha do Sal.  Desde 2010 que o barco Neptunus organiza passeios no mar. Parecido com um submarino amarelo tem o fundo em vidro. É a melhor forma dos turistas menos aventureiros conhecerem um pouco da vida que se esconde no fundo do mar ou ver os destroços de um navio afundado.
A melhor forma de conhecer a dimensão da ilha é fazendo um passeio de catamarã. Recomenda-se um fato de banho, uma máquina fotográfica e muito protector solar. Garantido um passeio inesquecível. Durante uma manhã é possível navegar ao longo da costa, em redor da ilha, com paragem para fazer um pouco de snorkeling. Basta colocar o equipamento que é disponibilizado a bordo e saltar para dentro de água. Novamente a paisagem e a temperatura da água vai fazer com que se esqueça do tempo e tenha vontade de ficar por ali para sempre.
É que por aqui, estas águas típicas, de um azul-turquesa inesquecível, possuem segredos por desvendar e muitos são os lugares onde se sentirá preso à beleza deste mar.
 



A Pedra de Lume
Outro local de visita obrigatório é a pedra de Lume. Situado abaixo do nível do mar é um lago carregado de sal localizado dentro da cratera de um vulcão extinto.
São as salinas que estão inactivas desde o final do século XX mas que conservam ainda alguns dos artefactos que foram usados na extracção e transporte do sal. Agora o desafio é entrar nestas águas e preparar-se para sentir o seu corpo perder peso tornando-se impossível nadar. Enquanto o sal nos olhos e na boca não obriga a sair vale a pena aproveitar para boiar e sentir-se rejuvenescer nesta experiência inesquecível.
A buracona
Conhecer a Ilha do Sal por terra é embarcar num passeio cheio de surpresas. Mais uma vez não se pode deixar no hotel o fato de banho, a toalha, o protector solar e uma garrafa de água pois para além da Pedra de Lume nesta visita é possível dar um mergulho junto à Buracona.
A aridez da ilha devido à falta de chuva, sensação que nos acompanha em toda a viagem, contrasta quando se encontra no meio do deserto um local onde existe uma piscina natural formada no meio das rochas escuras e onde sabe tão bem parar para tomar banho. Junto a esta piscina de água salgada outra surpresa aguarda, o maravilhoso odjo azul, uma gruta em forma de poço onde o sol entra criando na água o formato de um olho de exuberantes tons de azul.
Continuando a visita todo o terreno pela ilha, parando no meio do deserto, é possível observar e até fotografar uma miragem. A água que vemos ao fundo na realidade não está lá mas com o calor que se sente sabe bem imaginar que é real.








De volta à realidade
De volta à realidade, sabe bem passear a qualquer hora pelas ruas de Santa Maria, parar para comprar artesanato ou assistir à chegada dos pescadores que amanham o peixe no cais.
Se depois de tanta aventura ainda tiver coragem, aproveite para conhecer a noite de Cabo Verde, sentir a vibração das Mornas ou do Funaná e terminar a noite numa discoteca. Por aqui dança-se com muito prazer e existe sempre alguém com um sorriso disponível para explicar todos os passos de dança. Deixe-se embalar por esta magia e aproveite bem pois quando entrar no avião para regressar a casa vai começar logo a sentir saudades de todo este encanto.


 

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