Canyoning ou a arte de se divertir no Gerês, em plena natureza







Quem nunca experimentou canyoning não sabe o que está a perder. Recomendo que comece devagar e a Norte porque o Gerês tem um encanto natural difícil de encontrar noutro lugar, no mundo, que leve um grupo de bons amigos e que escolha a Toboga -  https://portal.toboga.pt/

Canoyoning, faz lembrar canoa certo? E a tradução fácil e para mim está quase correta porque é o nosso corpo que faz de canoa por entre pedras e riachos e…. não é que é tão divertido?!

 

Não sou masoquista, mas vou sempre preparada para sofrer. Imaginem que estão na beira de uma estrada, com uma escarpa que parece a pique até ao rio que mal se ouve lá ao fundo. O primeiro pensamento é - ainda temos de caminhar pelo alcatrão para encontrar o caminho, depois olhamos melhor, só pelo canto do olho porque a alma não ficou tranquila, e vimos um pequeno caminho de pedras e terra e um pequeno apoio lateral que parece descer a pique por ali abaixo…não, não vamos descer por ali, pois não? UI, afinal vamos! Isto depois de termos sofrido para vestir um fato, que é bastante resistente, parecido com os de surf, mas que se veste com o fecho para a frente. Este fato é à prova de quase tudo e dentro de água é uma proteção extraordinária. Para completar o conjunto umas meias no mesmo material e por fim umas botas que parecem de montanha, mas que se colam ao pé como uma segunda pele. Capacete na cabeça, um arnês com mosquetões e descensores e uma boa dose de inocência ou resistência porque com todo este equipamento não é fácil descer a caminho do rio, por caminhos talhados rusticamente pelo homem. Quando se começa a ver água já escorremos suor por todo o lado e já despimos a parte de cima do fato, por baixo um fato de banho compõe o coordenado e ajuda muito. Nesta altura só apetece sentar por entre as pedras e chapinhar infantilmente, que foi exatamente o que eu fiz e que me soube tão bem. Depois são algumas horas de caminhada por entre caminhos contruídos pela natureza no leito do rio que é diferente a cada ano.

 

A qualidade do equipamento que usamos é muito importante para o conforto e segurança. Claro que a água entra para dentro do fato o que sabe muito bem. Basicamente seguimos com o nosso grupo por um trilho, por entre pedras, e sempre com a corrente da água a fazer-nos companhia. Mergulhamos em lugares paradisíacos, proibidos ao homem, descobrem-se pequenas lagoas de água transparente, caminhamos por entre cardumes de pequenos peixes, descobrimos libelinhas azul florescente, saltamos para lagoas de água pura, fazemos slide e rapel, vimos cascatas de tirar a respiração e pequenos vales onde a água se transforma quase por magia em verde esmeralda. É lindo, é puro, é muito tranquilo e é nosso. Momentos únicos de plena comunhão com a natureza e com o nosso corpo que nos dão outra visão da nossa vida e nos ajudam a voltar à realidade com outra energia. Pelo meio muitos gritos e risos, gargalhadas altas, apoio, muito apoio – espera, dá a mão, eu ajudo-te - Obrigada (precisava mesmo daquela mão e depois levamos aquela mão, aquelas mãos todas connosco o resto do ano e de vez em quando até pensamos – Obrigada hoje precisava mesmo daquela mão e aquela mão existe e está lá). Espera, dá a mão, eu ajudo-te, confia, podes apoiar-te em mim, e tu olhas nos olhos e percebes que é verdade, e sabe tão bem nos dias de hoje sentires tudo isto. Não precisas de grandes viagens, de roupas caras, de perfumes que estão na moda, o que precisas mesmo é de ter um grupo de amigos, ir para o leito de um rio e saber que quando escorregares, ou mesmo antes de isso acontecer, alguém no teu grupo te vai deitar a mão e não te vai deixar cair.     

Existem algumas regras de segurança a ter em atenção, podemos cair se não tivermos atenção, mas não nos magoamos desde que se respeitem todas as instruções e o grupo trabalhe em conjunto num espírito de entreajuda. Nesta nossa aventura, a acompanhar-nos, sempre, esteve a Joana, o Sérgio e o Afonso Vilela (sim, esse mesmo, porque o Afonso é um apaixonado pela natureza e um excelente profissional). O trabalho deles foi excecional, recomendo sem dúvida, são grandes porque sentimos que para além do profissionalismo são humanos e estão sempre lá, atentos a todos os detalhes, a trabalhar para que nada falhe, sempre de sorriso no rosto e com ar de quem é mesmo muito feliz ali.

Eu não sei nadar o que se torna num factor extraordinário de stress numa atividade deste género. Sei que o fato me fazer vir sempre à superfície, mas mesmo assim é preciso confiar totalmente numa equipa para arriscar numa aventura onde sei que terei de passar por lugares que me obrigam a pôr-me à prova. Só o faço porque confio totalmente nesta equipa, não foi o primeiro ano e volto a repetir sempre que tiver oportunidade porque o esforço compensa largamente. Para além disso foram adotadas todas as regras de segurança de acordo com as novas diretrizes relativamente ao Covid19.

Por último convém desdramatizar uma vez que o Canyoning tem vários graus de dificuldade, pelo que é uma atividade que pode ser praticada por quase todos.  

 

Nestes tempos tão difíceis e em que somos mais do que nunca postos à prova recomendo que se procure o alívio utilizando formulas simples e muito antigas:  um grupo de amigos, um curso de água pura da montanha, a natureza suave, um dia de primavera e não precisam de mais para se sentirem revigorados.

Fazer férias em Portugal não deve ser só encontrar um alojamento de preferência com piscina e bons restaurantes, devemos aproveitar para conhecer melhor a região, escolhendo com antecedência atividades que nos permitam ter umas férias diferentes e de onde podemos regressar mais enriquecidos.  


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