O Que Se Encontra Dentro das Paredes do Convento dos Cardaes
Dentro de Lisboa, ali mesmo na Rua do Seculo, com paredes
altas e grafitadas ergue-se o Convento dos Cardaes. Da rua ninguém diz mas
aquele verdadeiro monumento vivo é datado do Sec. XVII e foi fundado pela D. Luísa
de Távora. A 9 de Dezembro de 1681 entrou a primeira religiosa. Outros tempos,
em que por vocação, ou por vontade da família, se levava uma vida de reclusão
totalmente dedicada a Deus.
Tendo residido aqui até à sua morte, D. Luísa de Távora deixou
o edifício em testamento ao seu neto, que se manteve como convento carmelita
até ao decreto de extinção das ordens religiosas femininas, sendo
definitivamente extinto após a morte da ultima religiosa em 1876.
No ano seguinte foi cedido à Associação de Nossa Senhora
Consoladora dos Aflitos, que aqui instalou um asilo para cegas. A direção foi
confiada às Irmãs Dominicanas, que se mantêm até aos nossos dias sendo que atualmente
acolhe deficientes profundos.
Atualmente é um espaço muito virado à comunidade, havendo
uma grande interação de voluntários com os residentes do convento. Encontra-se
aberto das 14h30 às 17h30, encerrando aos domingos e feriados.
Nada o prepara para o que vai encontrar. Entramos num
ambiente calmo e tranquilo, seguimos por um labirinto de caminhos, onde a
pureza imaculada das alvas paredes se reflete um chão original, de mosaico
escuro e brilhante. Asseio e a arrumação são duas palavras que o vão acompanhar
durante toda a visita.
Fixando-se nas obras de arte religiosa, tantas que nem é possível
enumerar, repare em todos os detalhes, os azulejos, os moveis, as obras de
arte, ao longo dos corredores todos contam pequenos pedaços de historias da
vida deste convento. Se a edificação por fora é austera tendendo a passar
despercebida aos transeuntes, as paredes, como mandavam as Regras, estabeleciam
uma separação do mundo, de forma a criar o ambiente propicio à oração e à
dedicação a Deus. Lá dentro, as religiosas descansavam nos pequenos claustros e
a harmonizar o ambiente, pequenos jardins, alguns com lagos o que trás alguma
frescura, fazendo lembrar os pátios que encontramos em qualquer Riad em Marrocos.
A visita deslumbra pela qualidade e variedade das obras
expostas. A igreja, apresenta-se como um verdadeiro monumento onde a talha
dourada se liga na perfeição com a obras de azulejaria e as vastas pinturas expostas.
Destaque para o Comungatório onde as religiosas comungavam, a austera Sacristia
em que os santos se apresentam nos azulejos em vez serem obras físicas, a Sala
Mariana, a Sala do Capítulo, a Sala da Paixão junto ao Claustro e o que ainda
hoje é o refeitório.
Retábulos em talha dourada, pinturas e outras obras de arte
religiosas, por todo o lado se sente também a força da presença feminina que
cuida, embala e ampara.
Esta é mais uma sugestão para fazer de turista dentro da
nossa cidade de Lisboa, dispense os preconceitos e mergulhe num mundo à parte,
onde a dedicação e perseverança, duas características muito femininas, criaram
um espaço que vive até hoje e que se soube adaptar ao longo dos seculos nunca
perdendo a sua identidade na entrega e ajuda ao próximo.
Como retribuir esta ajuda à comunidade? Pode oferecer-se
para fazer voluntariado ou pode ajudar adquirindo obras da gastronomia
conventual como doces, molhos, bolachas e outros petiscos ou então adquirindo o
livro Receitas do Convento dos Cardaes, de Graça Sá-Fernandes com fotografias
de Walter Vinagre. Pode saber mais informações utilizando o email conventodoscardais@net.vodafone.pt
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