A Descobrir Outra Lisboa – Fábrica do Braço de Prata
Lisboa já não consegue crescer muito mais. Tomada pela
loucura de estar na moda, a nossa capital parece ter chegado ao seu limite,
contudo, eis que a cidade de reinventa e descobre o potencial de Marvila, com
os seus armazéns abandonados e casas decadentes. Aproveitando novas dinâmicas que
chegam à cidade, a mesma faz renascer este pedaço abandonado de Lisboa, dando uma
nova vida a esta zona que tinha a sua alma abandonada.
A Fábrica do Braço de Prata, um centro cultural privado,
instalado nas instalações da sede da extinta Fábrica Militar de Braço de Prata,
em Lisboa, foi criada em 2007 e inclui espaço para refeições, musica ao vivo,
libraria, exposições e muito mais.
Trendy, decadente e democrático, este espaço fantástico reúne
gente de todas as idades, em espaços de convívio que se espalham pela antiga
fábrica, onde os fantasmas do passado coabitam agora, em plena cumplicidade,
com os seus novos visitantes.
A funcionar de quinta a sábado, a Fábrica do Braço de Prata
era perfeita no seu conceito, não fossem os 7.5€ por pessoa que se paga para
entrar e que não é convertido em nada consumível dentro do espaço, o que pode
encarecer bastante a refeição, se a intenção for petiscar alguma coisa com
amigos, em Lisboa, já fora de horas.
Navegando pelos espaços descobrem-se pequenos grupos que divertem,
espreitamos para salas reservadas onde outros grupos de amigos, em regime de
self service, desfrutam de refeições, encontramos pelos corredores livros espalhados
para consulta, mesas e cadeiras, e gente que circula animadamente pelo espaço.
Foi assim que chegamos ao melhor da noite, musica ao vivo vibrante,
algo de que sinto falta e dificilmente se encontra em Lisboa. Original
Bandalheira não me dizia mesmo nada pelo que foi com alguma curiosidade que vi
preparar instrumentos musicais como o clarinete, saxofone, entre tantos outros
enquanto, num canto do palco a bateria e a concertina já estavam a postos.
Num palco mínimo e quase
sem espaço, 10 rapazes giros, para todos os gostos, e com muita energia
positiva deram-nos musica pela noite fora. A sala apinhada dançou, pulou, fez
coreografias loucas e divertiu-se muito. “só mais uma” ouviu-se até se perder a
conta e os Original Bandalheira encantaram até ao fim. Se tiverem oportunidade
vão assistir a um espetáculo deles porque vale mesmo a pena.
Já tarde, noite dentro, a Fábrica do Braço de Prata
continuava a bombar ao mesmo ritmo. Saí para a rua com um sorriso nos lábios e
a pensar que aquele que foi fundado em
1908 para ser o antigo estabelecimento fabril militar, e que atingiu o auge da
sua produção durante a Guerra do Ultramar, depois de fechar, foi reinventado,
ganhando uma nova dinâmica muito diferente, desta vez ligada à cultura e a valores como a amizade e a partilha.
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