Turismo - Tendências de mercado

 
Recentemente tive acesso a um estudo elaborado pela SKIFT/LYFT ( Skift.com e Lyft.com/work ) sobre  a evolução das viagens e do turismo num futuro muito próximo em todo o mundo. Se as pistas fornecidas nos parecem muito longe para a realidade portuguesa, esta parece ser uma tendência de futuro pelo que convém conhece-la um pouco melhor. E embora este estudo aponte para alguns pontos sensíveis, não deixa de ser interessante conhecer a realidade dos números que lhe estão subjacentes.
Todo este texto é escrito com base em informação disponibilizada pela Skift, uma plataforma que fornece informação sobre áreas chave relacionadas com as viagens, enquanto a Lyft Mobility Solutions é a parte pratica desta ferramenta ajudando o cliente a entende melhor a realidade, elaborando estratégias futuras.
Este estudo, “The Forces Shaping Business Travel”, aponta novos caminhos. É que começa a surgir um novo género de viajante, aquele que faz as mudanças dos seus voos no seu smartphone enquanto se dirige para o aeroporto para embarcar, agenda um jantar com um velho amigo para depois da sua última reunião e que em simultâneo adora conhecer novas cidades, tirando assim o máximo proveito das suas viagens em trabalho.   
Nas empresas, o novo desafio para os responsáveis pelas equipas é que passaram a ter colaboradores com características muito diversas e muito ligados à web, criando assim dificuldades acrescidas, pois os mellennials não se encaixam em muitas das políticas institucionalizadas pelas empresas onde trabalham. O resultado desta mudança poderá ser que os programas de viagens desenvolvidos para as empresas precisem de no futuro envolver muito mais o cliente, encaixando-se perfeitamente no seu padrão de vida ou então o cliente procurará uma alternativa disponível no mercado que se adapte mais ao seu modo de ser. Conhecer os hábitos e tendências, armazenado informação para ser depois processada informaticamente e utilizada para criar novos produtos que se adaptem a este novo espirito mais livre e independente, poderá ser uma das soluções. É que a procura pelas viagens não está a baixar, o cliente é que se está a modificar muito rapidamente.
Em todo o mundo, o dinheiro gasto com viagens de trabalho aumentou substancialmente esperando-se que em 2016 se alcancem records de vendas. O maior crescimento é na Asia, com a China a liderar os números e ameaçando destronar os USA do primeiro lugar. De acordo com as previsões, esta tendência irá continuar assim nos próximos anos, com a procura pelas viagens de corporate a crescer em todo o mundo.
Para se ter uma ideia dos números, em 2015 a China gastou cerca de 291 biliões de dólares em viagens de trabalho, sendo que cerca de 95% dessas viagens foram realizadas dentro do país. Depois segue-se os Estados unidos com 290 biliões de dólares, a Alemanha com 64 biliões, o Japão com 62 biliões, Reino Unido com 47 biliões, Franca com 37 biliões, Coreia do Sul com 32 biliões de dólares gastos em viagens de trabalho, Itália com 31 biliões, Brasil 31 e por fim a India com 30 biliões.
O mesmo estudo revela outro dado interessante, nos gastos globais das empresas americanas aparece em primeiro lugar despesas com alimentação (19%) e logo de seguida viagens (17%).
Se as tendências são tão positivas o que está a mudar que poderá ser uma ameaça? Atualmente os viajantes de todo o mundo são dependentes de seus smartphones.
Melhor cobertura e serviço mais rápido permitem que os viajantes possam ficar constantemente ligados, tendo acesso à informação e ao universo social, enquanto se deslocam.
Enquanto as reservas feitas através dos smartphones ainda não estão muito desenvolvidas, os viajantes de negócios estão a integrar cada vez mais os seus smartphones e tablets em tudo o que fazem durante a sua viagem. Impressionante se pensarmos que 97% das pessoas que viajam em serviço levam consigo pelo menos um destes equipamentos e que 78% afirma que ter acesso ao wi-fi é vital para o seu trabalho e esperam encontrar este serviço disponível nos hotéis e também em companhias aéreas. É assim fácil concluir que a confiança que se tem atualmente nestes equipamentos faz com que quem viaje em trabalho quase nunca se “desligue”.
Mais alguns números impressionantes: 84% de quem viaja quer ter acesso à informação durante a viagem; 60% dos viajantes concorda que nunca se “desliga” totalmente enquanto está fora; mais de 50% dos viajantes verifica questões de trabalho enquanto está de férias e 23% dos viajantes compra wifi a bordo, em viagens de férias, para se manter ligado ao mundo. Sendo assim é natural que apareça nova tendência em que 69% de quem viaja em trabalho usa a web para pesquisar sobre as suas viagens e 64% inicia o processo de reserva enquanto faz essas pesquisas. No entanto, 59% admite que nunca finaliza o processo de reserva online.  
Outra questão importante a ter em conta são os fatores que influenciam a decisão final. Na compra de viagens de avião a conveniência e os custos são fatores decisivos na escolha, sendo que 33% escolhe pelos horários, 27% pelo preço e 20% pelas vantagens de cartões de milhas.
Na escolha dos hotéis, 56% dos clientes em negócios diz que ter wifi disponível e o preço são fatores decisivos no processo de compra.  
As linhas do futuro apontam para um cliente cada vez mais independente e autónomo, que confia totalmente nos equipamentos eletrónicos que utiliza, dependendo deles no seu dia-a-dia, de trabalho ou de férias.
Voltando aos millennians, 75% acredita que ter acesso à tecnologia permite trabalhar melhor, e 41% diz preferir comunicar eletronicamente no trabalho do que cara a cara ou pelo telefone e contudo, esta geração está a gastar mais dinheiro em viagens de serviço, procurando muitas vezes conciliar viagens em trabalho com pequenos períodos de descanso enquanto aproveitam para conhecer melhor o local onde estão.
Surge assim um novo termo, sobre o qual também já escrevi no blog. Bleisure é a combinação de viagens de serviço em que se aproveita o tempo livre ou se marca umas mini-ferias, de forma a conhecer melhor o destino numa só deslocação. Aqui mais uma vez as estatísticas são interessantes pois 83% dos viajantes em trabalho usa o tempo livre para conhecer melhor a cidade que visita, 65% prolonga as viagens de trabalho para tirar umas mini-ferias conhecendo melhor a região e 67% afirma que é importante poder usar esta facilidade, no entanto, 59% reconhece que as empresas onde trabalham não têm ainda uma política definida sobre este assunto, sendo que somente 14% responde positivamente a esta questão.

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