Estou em África
Estou em África, em Cabo Verde, sentada em frente ao meu
computador, num quarto simpático, arejado e moderno e no entanto….Ouço ao longe
os batuques dos tambores.
São jovens, que ao final do dia ensaiam ritmos e balanços
ancestrais, a preparam-se para mais uma noite quente e animada, a prometer
mistérios e alguma magia.
Foi mais um dia de praia e estou com a pele tostada e cheia
de sol. Durante o dia olhei à volta e vi sorrisos. Aqui estamos só a 4 horas de
Lisboa, de avião, e contudo estamos em Africa.
Continuo a ouvir os tambores, a fazer lembrar os ritmos
antigos, aqueles que não vivi mas que consigo lembrar, dos filmes dos anos 50,
que via quando era miúda na minha tv de casa, a preto e branco.
Os ritmos são quentes
como as pessoas e os sorrisos são fáceis. Sair à noite não é perigoso e ao fim
de 2 idas aos bares da moda, com música ao vivo, já conhecemos muita gente. As
cores, as nacionalidades, os ritmos misturam-se ao som do grogue e dos tons
africanos. A noite convida a dançar e rapidamente fica muito tarde.
Curiosamente durante o dia é ao contrario, o tempo passa
devagarinho, molengo e suave como a brisa que sopra para aliviar o calor.
Agora os tambores pararam, ficou de noite…não oiço nada. No
hotel, que deve estar cheio, as pessoas preparam-se para o jantar. Eu estou
sentada a escrever. Mais ninguém neste hotel deve estar sentado a escrever.
Aqui não é sítio para escrever…
Ouço de novo a música ao longe, agora com um ritmo mais
certo, e os tambores voltaram a soar. Começo a pensar que tenho de sair para
aproveitar a minha última noite no Sal, amanhã é dia de partir para São
Vicente.
Quanto mais cá venho mais me apetece voltar, também eu devo
ter um pouco de sangue africano, e afinal, em Portugal, não temos todos?
Somos recebidos com sorrisos e abraços, fazemos amigos de
uma forma tão fácil.
A música agora ganhou um novo ritmo, mais europeu, e depois
mistura-se de novo com o soar dos tambores….Parece-me que a música é como as
pessoas, misturam-se os ritmos e transforma-se em sorrisos que se soltam,
vindas de um canto, lá bem do fundo da alma.
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